Preservar a memória do Holocausto no século XXI: um combate e um imperativo

27.01.2022

A UE presta hoje homenagem aos seis milhões de judeus, bem como os membros de outros grupos-alvo assassinados durante a Shoah. No Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, exortamos todos os Estados do mundo a prestar homenagem a todas as vítimas do Holocausto, condenar a negação e a distorção do Holocausto e desenvolver programas educativos para prevenir futuros genocídios

 

«A maioria das pessoas que testemunharam e sobreviveram aos horrores da Segunda Guerra Mundial e do Holocausto e cujas recordações eram mais claras já não estão connosco. [...] Enquanto sobrevivente do Holocausto e vencedora do Prémio Nobel da Paz, Elie Wiesel declarou: «Esquecer o Holocausto seria não só perigoso como também ofensivo; esquecer os mortos seria o mesmo que matá-los pela segunda vez», afirmou o alto representante da UE, Josep Borrell, numa declaração proferida na ocasião. 

Decorreram setenta e sete anos desde o final do Holocausto, uma das maiores atrocidades jamais cometidas contra a humanidade. A maioria dos sobreviventes já não está connosco e as suas vozes já não podem ser ouvidas. É por este motivo que o Dia da Memória do Holocausto de 2022 chama a atenção para a necessidade imperativa de preservarmos a memória do Holocausto no século XXI, nomeadamente através de atividades educativas.

Há apenas alguns dias, em 20 de janeiro, data que celebra o 80.º aniversário da Conferência de Wannsee, durante a qual os nazis planearam a chamada «solução final», a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou uma resolução sobre a Negação do Holocausto a fim de recordar não só do capítulo mais escuro da história da Europa, mas também os esforços esforços conjuntos que estamos hoje a envidar para combater a negação/distorção do Holocausto.

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Num mundo cada vez mais dividido, em que a desinformação e as notícias falsas alimentam o ódio contra as minorias, é mais importante do que nunca educar as novas gerações sobre o que foi o Holocausto. «Salvaguardar os registos históricos, recordar as vítimas, contestar a distorção da história frequentemente manifestada no antissemitismo contemporâneo», figuram entre os temas do Dia da Memória do Holocausto deste ano.

A luta dos sobreviventes para preservar a memória do Holocausto

Como conseguiram os sobreviventes ultrapassar os horrores do Holocausto, começar a refazer as suas vidas e recuperar a sua dignidade enquanto seres humanos? Muitas das atividades comemorativas e educativas previstas para 2022 chamarão a atenção para a forma como os sobreviventes do Holocausto conseguiram, após a Shoah, recuperar os seus direitos, a sua história, o seu património cultural e tradições, bem como reafirmar a sua dignidade. 

Graças a um vasto leque de eventos organizados pelo Holocausto e pelo Programa de Sensibilização das Nações Unidas será possível descobrir o que as instituições e os indivíduos fizeram para apoiar os sobreviventes, identificar os efeitos a longo prazo do Holocausto sobre as famílias dos sobreviventes e o avaliar o seu impacto a nível da definição das políticas e intervenções em matéria de direitos humanos. 

Em 27 de janeiro, a cerimónia anual do Dia Internacional da Memória das Vítimas do Holocausto (ligação externa) contará com a presença da sobrevivente do Holocausto Emma Adjadj, de Marselha, que partilhará as suas recordações de como escapou aos nazis durante a guerra e perdeu a mãe e três irmãos, que foram enviados para Auschwitz após uma rusga ao local onde se encontravam. Lotte Knudsen, chefe da Delegação da UE junto das Nações Unidas em Genebra, proferirá um discurso após as alocuções do Secretário-Geral do UNOG e do embaixador de Israel.

A Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (APCE) organizará, em Estrasburgo, uma cerimónia solene que incluirá testemunhos de sobreviventes, intervenções de oradores de alto nível e um concerto em que será apresentada uma obra musical composta por uma vítima do Holocausto em Theresienstadt. Será também projetado um vídeo sobre o projeto europeu Convoi 77 (ligação externa). Este projeto pretende reconstituir o percurso individual de cada um dos 1321 deportados que viajaram no último comboio que partiu de Drancy com destino a Auschwitz, em 31 de julho de 1944, enviando estudantes dos 37 países de onde foram deportados em busca dos seus vestígios.

Remote video URL

Entre as várias atividades culturais (ligação externa) organizadas pelo Holocausto e pelo Programa de Sensibilização das Nações Unidas, figura a incrível exposição Após o fim do mundo: pessoas deslocadas e campos de pessoas deslocadas (20 de janeiro a 20 de fevereiro, Nova Iorque) que visa mostrar o trabalho realizado pela Administração das Nações Unidas para a Ajuda e a Reconstrução (UNRRA), criada após o final da guerra para reinstalar as pessoas deslocadas. Uma série de objetos e documentos do passado revelam como, após perdas catastróficas, os sobreviventes do Holocausto forjaram novas vidas nos campos para pessoas deslocadas.

Serão também organizadas atividades em linha, como um debate virtual (ligação externa) sobre o documentário histórico «The Last Survivors» (10 de fevereiro) e um diálogo virtual (ligação externa) com Elisabeth Anthony, autora do livro The Compromise of Return: Viennese Jews after the Holocaust (17 de fevereiro). 

A UE intensifica a sua luta contra o antissemitismo

Em 2021, a UE publicou a sua primeira «Estratégia para combater o antissemitismo e promover a vida judaica (2021-2030)».

«Temos o dever de preservar a memória de todas as vítimas e do seu sofrimento. Devemo-lo aos que perderam a vida no Holocausto, aos sobreviventes e às gerações futuras», lê a declaração proferida pelo AR/VP para assinalar o dia.

A estratégia inclui várias disposições sobre a luta contra o antissemitismo dentro e fora da UE e sobre o apoio à memória do Holocausto, incluindo a criação de uma plataforma de investigação europeia sobre o antissemitismo contemporâneo.

A fim de sensibilizar o público para a questão cada vez mais preocupante da distorção do Holocausto, a Comissão Europeia, juntamente com a Aliança Internacional para a Memória do Holocausto, a UNESCO e a ONU, lançará, em 27 de janeiro, a campanha #ProtectTheFacts (ligação externa). Nesse dia, o edifício Berlaymont, sede da CE, será iluminado para homenagear as vítimas. 


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