Crianças soldados: uma ferida que demora toda uma vida a cicatrizar

11.02.2022

No Dia Internacional contra o Uso de Crianças Soldados, a UE reitera o seu compromisso no sentido de prevenir o recrutamento e o uso de crianças em conflitos e garantir a sua libertação e reintegração

 

Após quase dois anos de pandemia, as crianças que vivem em situações de conflito continuam a ver a sua vulnerabilidade a violações graves exacerbada devido à pobreza, a perturbações a nível do sistema de ensino e à falta de oportunidades. Da Serra Leoa à Colômbia, à Somália e ao Afeganistão, as forças armadas e os grupos armados continuam, todos os anos, a recrutar e a utilizar dezenas de milhares de rapazes e raparigas.

Segundo o relatório anual do Representante Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas para as Crianças e os Conflitos Armados ao Conselho dos Direitos Humanos, as guerras têm um impacto devastador na saúde mental e no bem-estar de milhões de rapazes e raparigas em todo o mundo. O relatório, que abrange o período compreendido entre dezembro de 2020 e dezembro de 2021, salienta a importância de um financiamento sustentável e a longo prazo para a saúde mental e a programação psicossocial em contextos humanitários, em particular no contexto da pandemia de COVID-19.

«O recrutamento e o uso de crianças expõem-nas a perigos graves que podem causar danos permanentes a nível da sua saúde física e psicológica», afirma Kevin, um responsável pela terapia e reabilitação pós-trauma do Gabinete da Iniciativa Whitaker para a Paz e o Desenvolvimento (WPDI) no Uganda. A depressão provocada por acontecimentos súbitos e muito traumáticos, as tendências suicidas, a ansiedade, os comportamentos agressivos e o isolamento social são, segundo Kevin, algumas das principais consequências dos traumas causados pelos conflitos armados.

Men repairing furniture in a repair shop

Ex-crianças soldados frequentam cursos de mecânica no centro de formação Don Bosco, em Bangui, em 14 de outubro de 2019,FLORENT VERGNES / AFP

2021 marcou o 25.º aniversário da adoção da Resolução 51/77 da Assembleia Geral, que criou o mandato do Representante Especial da ONU para as Crianças e Conflitos Armados. O estudo sobre a evolução do mandato da ONU para as crianças e os conflitos armados 1996-2021, publicado em janeiro, apresenta uma visão aprofundada dos 25 anos de esforços realizados para ajudar as crianças afetadas por conflitos, bem como algumas recomendações sobre a via a seguir.

O Plano de Ação da UE para os Direitos Humanos e a Democracia (2020-2024), adotado em novembro de 2020, estabelece objetivos concretos para a proteção das crianças durante os conflitos armados. Este compromisso político é apoiado por projetos humanitários e de desenvolvimento, nomeadamente na Colômbia, em Mianmar, na Nigéria, no Paquistão, na Somália, no Sudão do Sul, na Síria e no Iémen.


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