Começo por salientar que a União Europeia está fortemente empenhada na promoção da paz e da "boa convivência", e apoia todas as iniciativas que tenham por objetivo reforçar desse ideal. Isto porque acreditamos verdadeiramente que não poderá haver desenvolvimento sustentável sem paz e segurança e vice-versa. E por isso mesmo a nossa cooperação para o desenvolvimento tem trabalhado a par e passo com os nossos esforços de promoção da paz na Europa, em África e noutros pontos do mundo.

Também não é possível alcançar objetivos básicos de desenvolvimento se um país sofre a ameaça de extremistas violentos. Abordar tanto as manifestações do extremismo violento como as condições que o fomentam é, por isso, um desafio de desenvolvimento. Isso exige fortalecer os alicerces fundamentais do desenvolvimento equitativo, dos direitos, da governação e do Estado de direito. É por isso que a União Europeia promove tanto dentro das suas fronteiras quanto nos países parceiros, abordagens de desenvolvimento que reforçam a resiliência das comunidades face ao extremismo.

Neste âmbito, a luta pelo reforço da coesão, utilizando o diálogo construtivo como estratégia de resolução de conflitos, constitui uma ferramenta poderosa para a consolidação da paz. Mas também é importante intervir noutros sectores, como educação e justiça e que são muito relevantes para combater o extremismo e a radicalização.

Esta abordagem pode incluir o apoio à prevenção de conflitos étnicos, religiosos, políticos ou socioeconómicos, por meio de programas de diálogo intercomunitário, mediação ou reconciliação. É nesse contexto que surge o projeto “Observatório da Paz – Nô Cudji Paz”, o qual visa contribuir para o diálogo e a Prevenção da Radicalização e do Extremismo Violento na Guiné-Bissau. Este projeto tem levado a cabo um conjunto de ações particularmente inovadoras, interessantes e – permito-me dizê-lo – bem sucedidas. Quero por isso agradecer aos nossos parceiros da cooperação Portuguesa, da Liga Guineense dos Direitos Humanos e do IMVF por esta excelente colaboração.

Prezados parceiros,

O fenómeno de radicalismo e extremismo violento constitui um dos maiores desafios que a humanidade enfrenta nos dias que correm, em consequência das suas implicações na desestruturação dos tecidos económicos, sociais e culturais das nações.

Estando aqui hoje, não posso deixar de evocar as horríveis imagens que nos têm chegado de Israel e de Gaza. Assistimos ao longo dos últimos dias a mais uma página negra na história de um conflito brutal que se estende há décadas. Ao longo desse período o extremismo de parte a parte já ceifou dezenas de milhares de vidas.

Por isso, estamos e continuaremos convencidos da importância de trabalhar no sentido de uma paz duradoura e sustentável que permita a ambos os povos viverem lado a lado em paz e segurança.

Estas imagens também não nos permitem esquecer da importância da prevenção, do diálogo, e da busca de entendimentos para alcançar a paz. Cabe-nos a todos sermos veículos de promoção de entendimentos e de paz nas nossas comunidades, nos nossos países, nos nossos continentes e em todo o mundo, pois a paz é um valor universal e um direito absoluto. Espero por isso que através desta formação possamos todos ficar um bocadinho mais próximo de sermos verdadeiros veículos de promoção da paz.

Minhas Senhoras, meus Senhores,

A formação que será realizada entre hoje e amanhã destina-se a 50 mulheres de diferentes instituições e organizações da sociedade civil. A liderança e a participação ativa das mulheres é essencial para combater o extremismo e a radicalização. É por isso que apoiamos sem reservas todas as ações que promovam o papel do das mulheres no apoio à paz, à segurança, à justiça e ao desenvolvimento sustentáveis.

A abordagem estratégica da União Europeia sobre mulheres, paz e segurança sublinha a necessidade de integração sistemática de uma perspetiva de género em todos os domínios e atividades nestes domínios.

Quero por isso dirigir-me às cinquenta participantes que estão aqui hoje para vos agradecer pelo vosso empenho. Quero também desejar-vos o maior sucesso não só nesta formação, mas também na aplicação dos conhecimentos que irão aqui adquirir. Cada uma de vocês é indispensável para garantir um mundo mais equitativo, justo e pacífico. E para isso podem sempre contar com o apoio da União Europeia!

Para terminar, reitero a firme determinação da União Europeia em continuar a apoiar a Guiné-Bissau nos seus esforços para melhorar a vida dos seus cidadãos. Também reafirmo o nosso compromisso me continuar a ter uma especial atenção para com as necessidades específicas das mulheres jovens e adultas nas nossas futuras ações, assim como a sua participação nas mesmas.

É uma honra para mim inaugurar esta formação com todos vós.

Muito obrigado!