Áreas úmidas de água doce: os heróis climáticos esquecidos do mundo estão desaparecendo, alerta novo relatório

Um novo relatório da Environmental Justice Foundation (EJF) alerta que as áreas úmidas de água doce, do Congo à Ásia Sudeste e ao Pantanal no Brasil, estão entre os aliados naturais mais poderosos, porém negligenciados, do planeta na luta contra as mudanças climáticas. 

 

Um novo relatório da Environmental Justice Foundation (EJF) alerta que as áreas úmidas de água doce, do Congo à Ásia Sudeste e ao Pantanal no Brasil, estão entre os aliados naturais mais poderosos, porém negligenciados, do planeta na luta contra as mudanças climáticas. 

Esses ecossistemas armazenam enormes quantidades de carbono, regulam os fluxos de água e sustentam a biodiversidade e os meios de subsistência em todo o mundo. No entanto, estão sendo drenados, queimados e destruídos em ritmo alarmante, acionando uma “bomba de carbono” e comprometendo fatalmente as metas climáticas globais.

O relatório, lançado na Delegação da União Europeia em Brasília, faz um apelo urgente por uma ação internacional para colocar os pântanos no centro das negociações climáticas da COP30, que será sediada pelo Brasil em novembro. O documento pede que os governos integrem a conservação das áreas úmidas em seus planos climáticos nacionais e ampliem o financiamento para soluções que protejam as pessoas e a biodiversidade.

A análise da EJF revela que apenas as turfeiras da Bacia do Congo armazenam cerca de 29 bilhões de toneladas de carbono, o equivalente a 33 anos de emissões de gases de efeito estufa da União Europeia, e que o Pantanal possui três vezes mais solos turfosos do que a Amazônia. Apesar disso, globalmente as áreas úmidas estão desaparecendo três vezes mais rápido que as florestas, liberando vastas reservas de carbono acumuladas ao longo de milênios.

O evento contou com a presença da Embaixadora da União Europeia no Brasil, Marian Schuegraf, da Presidente da FUNAI, da Enviada Especial da COP30, Jurema Werneck, de senadores de Mato Grosso, além dos vários embaixadores e representantes da sociedade civil.

“Vemos como muito positiva a forma como a comunidade do Pantatal tem se empenhado em ações voltadas para a bioeconomia, a recuperação de áreas degradadas e o turismo sustentável. Sabemos que o Pantanal e outros biomas têm o potencial não apenas de resistir, mas de prosperar, quando alinhamos a conservação ambiental com a geração de emprego e renda”, afirmou a Embaixadora da União Europeia no Brasil, Marian Schuegraf.

Estamos testemunhando a morte lenta de ecossistemas que silenciosamente regulam o clima do nosso planeta”, disse Luciana Leite, Representante-Chefe da EJF no Brasil. “O papel do Brasil como anfitrião da COP30 traz uma oportunidade crucial de liderar pelo exemplo, mas o restante do mundo também precisa agir. Proteger áreas úmidas como o Pantanal deve estar no coração da ação climática global. Estas não são terras marginais; são nossos sistemas naturais de suporte à vida. Proteger e restaurá-las é essencial para evitar o colapso climático.

O relatório apresenta dez recomendações-chave, incluindo a integração da proteção das áreas úmidas nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), a criação de legislação para manter a conectividade hidrológica e a reorientação de subsídios prejudiciais para ações de restauração. Também propõe incluir as emissões e restauração de áreas úmidas nos inventários nacionais de gases de efeito estufa e aumentar a pesquisa sobre turfeiras tropicais.

Cada fração de grau importa, e cada hectare de área úmida preservado pode ajudar a manter-nos dentro dos limites planetários seguros”, afirmou Steve Trent, CEO da Environmental Justice Foundation. “Na COP30, os governos devem reconhecer que as áreas úmidas de água doce são cofres de carbono insubstituíveis e lares vitais para pessoas e a vida selvagem. Protegê-las é fundamental para deter o caos climático e garantir um futuro habitável.”

A EJF alerta que o financiamento para soluções baseadas na natureza ainda está muito aquém do necessário, e que a proteção das áreas úmidas de água doce pode gerar benefícios rápidos e duradouros para as pessoas, a natureza e o clima, se os líderes mundiais agirem agora.

Sobre a EJF

O trabalho da EFF pela justiça ambiental visa proteger o clima global, os oceanos, as florestas, as áreas úmidas e a vida selvagem, defendendo o direito humano fundamental a um meio ambiente seguro, reconhecendo que todos os outros direitos dependem disso. A EJF atua internacionalmente para informar políticas e promover reformas sistêmicas e duradouras em defesa do meio ambiente e dos direitos humanos. Investiga e denuncia abusos, apoiando defensores ambientais, povos indígenas, comunidades e jornalistas independentes que estão na linha de frente das injustiças ambientais. As suas campanhas buscam construir futuros pacíficos, equitativos e sustentáveis. A equipe de investigadores, pesquisadores, cineastas e ativistas trabalha com parceiros locais e defensores ambientais em todo o mundo. 

 

Para mais informações:

EJF: media@ejfoundation.org

Delegação da UE no Brasil: teresa.coutinho@eeas.europa.eu

 

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